quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

As impressões do garoto Nietzsche sobre a noite de natal, em versão trilíngue.

Como despedida de 2011 gostaria de compartilhar com vocês um pequeno fragmento extraído do primeiro ensaio autobiográfico redigido por Nietzsche em 1858, na idade de 14 anos. O ensaio é intitulado Aus meinem Leben e pode ser lido na íntegra no vol. I da edição BAW, de Hans Joachim Mette (Frühe Schriften) ou no vol. I/1 da KGW, ou então aqui. Neste pequeno trecho do ensaio o garoto Nietzsche busca um registro literário de suas impressões da noite natalina. Quem tiver a curiosidade de ler o ensaio na íntegra perceberá que a reflexão de Nietzsche sobre as impressões da noite natalina procura associar estas impressões às impressões mais gerais evocadas (nele) pelas noites de inverno, que ele contrasta com as noites de verão (muito menos evocativas, segundo ele). As determinantes climáticas fornecem uma espécie de moldura para esta descrição de impressões que, considerada isoladamente, parece ater-se exclusivamente às condicionantes culturais presentes nesta noite impar para toda a cristandade.
O pequeno fragmento chamou a atenção do professor Giuliano Campioni, que o repassou na forma de um cumprimento natalino aos colegas da pesquisa Nietzsche (na versão italiana). O professor Ernani Chaves o encaminha a todos nós, com a gentil tradução para o português de Allan Davy Santos Sena (Mestrando em Filosofia pela UNICAMP). A todos eles o nosso muito obrigado. Este blog deseja a todos os seus leitores boas festas e um esplêndido 2011, e que cada um de nós possa querer aprender sempre mais a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas, para assim nos tornarmos um daqueles que tornam belas as coisas. Amor fati, que seja este, de ora em diante o nosso amor. Com vocês o garoto Nietzsche em versão trilíngue, com os cumprimentos de nosso grande mestre, prof. Giuliano Campioni:

Cari amici
un pensierino di Natale del fanciullo Nietzsche che sempre aspettava con impazienza questa santa festività.
Chi avrebbe immaginato che il "piccolo pastore" sarebbe divenuto il filosofo dell'Umwertung?
UN ABBRACCIO E FELICI FESTE.
Campioni

(versão italiana)
La festa di Natale rimane la sera più felice dell'anno. Con gioia davvero traboccante io l'attendevo da gran tempo, ma negli ultimi giorni non stavo più nella pelle, contavo i minuti, e le giornate mi sembravano lunghe come mai durante l'anno. Una volta - questo è curioso –, in preda a una particolare impazienza, mi scrissi subito una lettera di Natale, trasportandomi addirittura con la fantasia in quel momento in cui la porta si sarebbe aperta e l'albero di Natale ci avrebbe abbagliati
sfavillante. In un piccolo saggio d'occasione così scrivevo: « Com'è magnifico l'abete che ci sta davanti con la cima ornata da un angelo, allusione all'albero genealogico di Cristo, la cui corona era il Signore in persona. Come risplendono i numerosi lumi, che rappresentano simbolicamente il chiarore nato tra gli uomini grazie alla nascita di Cristo. Come ci sorridono invitanti le mele rubiconde, che ricordano la cacciata dal Paradiso! E guarda! Alle radici dell'albero, Gesù bambino nella mangiatoia, circondato da Giuseppe e Maria e dai pastori adoranti! Che sguardi pieni di fede ardente gettano sul bambino! Voglia il Cielo che anche noi ci abbandoniamo con tale dedizione al Signore! » - - Quello del compleanno è un giorno simile, anche se non così splendido. Ma per quale ragione non ci sentiamo così pervasi di gioia come per il Natale di Cristo? In primo luogo, manca del tutto quell’alta significazione, che eleva questa festa al di sopra di ogni altra. E poi il Natale non riguarda solo noi stessi, bensì tutta l'umanità in generale, poveri e ricchi, grandi e meschini, illustri e oscuri. Ed è proprio questa gioia universale che aumenta quella nostra personale. Se ne può parlare con tutti, tutti gli uomini sono in certo modo uniti in una comune attesa. Si pensi poi alla sua collocazione, che rende il Natale per così dire il culmine dell'anno, si pensi a quell'ora notturna, quando l'anima è in genere assai più eccitata, e infine l'eccezionale solennità con cui questa festa viene celebrata. La festa del compleanno ha un carattere più familiare, mentre il Natale è la festa della cristianità intera. Con tutto ciò, io amo assai il mio genetliaco…
Friedrich Nietzsche (1858)

(versão portuguesa)
Tradução: Allan Davy Santos Sena (Mestrando em Filosofia, UNICAMP).

A festa de Natal é a noite mais feliz do ano. Durante um longo tempo, eu a aguardava com alegria realmente transbordante, mas nesses últimos dias, eu já não estava mais agüentando, contava os minutos, e os dias me pareciam longos como nunca. Uma vez – isso é curioso – tomado de uma impaciência particular, escrevi subitamente uma carta de Natal, transportando-me inteiramente para a fantasia daquele momento em que a porta seria aberta e a árvore de Natal cintilaria de maneira deslumbrante. Assim escrevi em um pequeno ensaio na ocasião: “Como é magnífica essa árvore com o cume ornado com um anjo, alusão à árvore genealógica de Cristo, cuja coroa é o Senhor em pessoa. Como resplandecem as numerosas luzes, que representam simbolicamente a chama nascida entre os homens graças ao nascimento de Cristo. Como nos sorri tentadoramente as maçãs vermelhas, que lembram a expulsão do Paraíso! E olha! Na raiz da árvore, o menino Jesus na manjedoura rodeado por José e Maria e os pastores em adoração! Que olhar pleno de fé ardente lançam sobre o menino! Queira os céus que nós também nos abandonemos com tal devoção ao Senhor!” – – O dia de aniversário é um dia semelhante, embora não tão esplêndido. Mas por qual razão não nos sentimos tão repletos de alegria como pelo dia de nascimento de Cristo? Em primeiro lugar, falta toda aquela grande significação, que eleva essa festa acima de todas as outras. Em seguida, o Natal não diz respeito apenas a nós mesmos, mas a toda a humanidade em geral, pobres e ricos, grandes e pequenos, ilustres e desconhecidos. E é próprio desta alegria universal aumentar a nossa pessoal. Ela pode falar a todos, todos os homens são de certo modo unidos em uma expectativa comum. Pense, em seguida, em sua localização, que torna o Natal, por assim dizer, o ponto culminante do ano, pense naquela hora da noite, quando a alma está em geral muito mais animada, e enfim a solenidade com que esta festa é celebrada. A festa de aniversário tem um caráter mais familiar, enquanto que o Natal é a festa da cristandade inteira. Contudo, eu amo bastante o meu aniversário...

(Friedrich Nietzsche, 1858, aos 14 anos).

E, finalmente, a versão original alemã:

Aber doch bleibt das Weihnachtsfest der seligste Abend des Jahr[es]. Mit wahrhaft überseliger Freude harrte ich schon lange darauf aber die letzten Tage konnte ich kaum mehr warten, Minute für Minute verging und so lang kamen mir die Tage wie im ganzen Jahre nicht vor. Eigenthümlich war, daß, wenn ich ein mal rechte Sehnsucht hatte, mir alsbald einen Weihnachtszettel schrieb und mich dadurch förmlich in den Augenblick hineinversetzte, an dem sich die Thür öffnete und der leuchtende Christbaum uns entgegenstrahlte. In einer kleinen Festschrift schrieb ich hierüber: "Wie herrlich steht der Tannenbaum dessen Spitze ein Engel ziert, vor uns, hindeutend auf den Stammbaum Christi, dessen Krone der Herr selbst war. Wie hell strahlt der Lichter Menge, sinnbildlich das durch die Geburt Jesu erzeugte Hellwerden unter den Menschen vorstellend. Wie verlockend lachen uns die rothwangigen Äpfel an, an die Vertreibung aus dem Paradies erinnernd! Und siehe! An der Wurzel des Baumes das Christkindlein in der Krippe; umgeben von Josepf und Maria und den anbetenden Hirten! Wie doch jene den Blick voll inniger Zuversicht auf das Kindlein werfen! Möchten doch auch wir uns so ganz dem Herrn hingeben!"— — — Wenn nicht ganz so herrlich, aber doch ähnlich ist das Geburtstagsfest. Aber was ist die Ursache, daß wir nicht so wie am Christfest von Freude durchdrungen sind? Erstens fehlt ganz jene hohe Bedeutung, die dies erstgenannte über alle andern Feste erhebt. Dann aber betrifft es nicht nur uns allein, sondern überhaupt die gesammte Menschheit, Arme und Reiche, Kleine und Große, Niedrige und Hohe. Und gerade diese allgemeine Freude vermehrt unsre eigne Stimmung. Kann man sich doch mit jeden darüber besprechen, sind ja doch alle Menschen gleichsam Mittharrende. Dann beachte man auch die Lage, so daß es, so zu sagen, den Culminationspunkt des Jahres bildet, bedenke man jene nächtliche Stunde, wie überhaupt die Seele am Abend viel erregter ist, und endlich jene ganz ausergewöhnliche Feierlichkeit, mit der dieses Fest geehrt wird. Das Geburtstagsfest ist mehr Familienfest, Weihnachten ist aber das Fest der gesammten Christenheit. Aber dennoch habe ich meinen Ehrentag sehr lieb...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Um espaço informal para o debate em torno da pesquisa Nietzsche

Um dos objetivos do Grupo Nietzsche da UFMG para 2011 é investir na dinamização deste Blog, que até o momento tem funcionado como a maior parte dos blogs acadêmicos, ou seja, como um espaço para o compartilhamento de informações acerca de eventos relativos à pesquisa que nos concerne. Isso significa, no meu entendimento, que o blog tem sido subaproveitado em seu imenso potencial de espaço alternativo, informal, essencialmente ágil e dinâmico, que permite uma interação entre pesquisadores de diversas procedências e que pode vir a se constituir em uma arena para a confrontação agonística das diversas perspectivas em torno da obra de Nietzsche que cada pesquisador ou centro de pesquisa tende a desenvolver em relativo isolamento. A confrontação de perspectivas interpretativas ocorre tradicionalmente nos eventos acadêmicos (congressos, simpósios, colóquios, etc), no caso de estes serem bem-sucedidos. Mas por mais bem-sucedidos que tais eventos sejam, não há como driblar os constrangimentos de tempo, que são cada vez mais rigorosos e impõem limites consideráveis à interação entre os pesquisadores. Além disso, esta interlocução se dá na maior parte das vezes em uma etapa em que o pesquisador já tem suas convicções cristalizadas e as comunica na forma de um ensaio, ou seja, em uma etapa em que o processo da pesquisa propriamente dita, com tudo aquilo que é constitutivo desta etapa, ou seja, as indefinições, hesitações, reformulações e abertura para outras vozes, cede lugar ao ritual da prova. Como bons nietzscheanos, devemos nos lembrar da desconfiança que Nietzsche nutria pelo ritual da prova (que ele tendia a identificar com o gosto filosófico pela dialética): embora este seja um ritual constitutivo da forma de vida filosófica (pois é nele que se dá o esforço de justificação racional), é nele também que o filósofo está mais exposto à sedução da impostura e da teatralização. Creio que se bem explorado, o blog permite antecipar o momento da interlocução e incorporá-la de forma mais eficaz e definitiva às diversas etapas da pesquisa e da redação de nossos ensaios filosóficos, criando uma maior interação entre os pesquisadores e os centros de pesquisa. Mas o pressuposto para que isso ocorra é que cada pesquisador esteja disposto a expor seu trabalho em uma etapa em que ele ainda se configura como uma work in progress. Mas como leitores de Nietzsche já deveríamos ter cultivado em nós tal disposição, pois no fim das contas todos os nossos trabalhos são work in progress. O ponto é: em que medida nossos trabalhos podem, ou em que medida nós queremos que eles progridam em rede? Se a proposta de dinamização deste blog for levada a bom termo, então teremos aqui uma espécie de diário de bordo da pesquisa Nietzsche, escrito a muitas mãos. Nietzsche concebia a condição epistêmica do moderno homem do conhecimento a partir da metáfora da navegação, uma metáfora que ele explorou e variou indefinidamente e que teve ampla acolhida no século XX. O fato de não haver terra a vista e de estarmos condenados a reparar nossa embarcação em alto-mar é uma razão a mais para sermos obsessivamente meticulosos em nossos diários de bordo. Lancemo-nos ao novo infinito.
Questões práticas: Para que a coisa funcione em termos práticos, eu sugiro que os usuários do blog proponham temas em torno dos quais o debate pode se desenvolver. Estes temas podem ser suscitados por livros recém-lançados no mercado, ou pelo interesse de cada usuário, que fica então responsável por propor uma primeira abordagem para o mesmo. No primeiro caso, podemos pensar em uma modalidade de resenha coletiva de livros que tenham impacto na recepção contemporânea de Nietzsche, ou mesmo de artigos que julgarmos relevantes. No segundo caso, o pontapé inicial de uma discusão pode vir da primeira versão de um ensaio que esteja sendo redigida por um dos usuários (caso ele se anime a compartilhá-la com os demais usuários e colaboradores do blog). Enfim, podemos pensar em uma varieade de modelos. Sugiro que as contribuições sejam enviadas para a seção de comentarios, e sejam posterioamente incorporadas às postagens (se for o caso e o desejo do usuário) pelos três moderadores do blog: este que vos escreve, e os nossos caros Oscar e William, este úlitmo nosso enviado internacional, que no momento está às voltas com sua dissertação de mestrado na Alemanha.
Espero que todos se sintam motivados a participar. Em breve irei postar uma primeira versão de minha resenha do livro de Losurdo (Nietzsche, o rebelde aristocrata: biografia intelectual e balanço crítico, traduzido pela editora Revan em 2009). Creio que é um tema bastante polêmico e que pode funcionar como um bom laboratório para testar a nova ambição do blog, de funcionar como uma arena para a confrontação agonística de perspectivas interpretativas. Espero que ele não tenha o destino do famoso Pestana, o compositor de polcas eternizado por Machado de Assis no conto "Um homem célebre" (1888), cruelmente descrito como a "eterna peteca entre a ambição e a vocação".

Marco Abade defende sua dissertação sobre O Anticristo

Sexta-feira próxima (dia 17 de dezembro) encerraremos as atividades nietzscheanas de 2010 na UFMG com a defesa de Dissertação de nosso prezado Marco Júnio Abade, intitulada "O cristianismo como religião da décadence e contrária aos impulsos vitais em O Anticristo, de Nietzsche". A pesquisa de Abade foi orientada pelo prof. Verlaine Freitas e a banca examinadora será composta pelo prof. Olímpio Pimenta (UFOP) e por este que vos escreve. A Defesa terá lugar na FAFICH, a partir das 14:00h.
Para os membros do Grupo Nietzsche que estiverem presentes à Defesa será uma ocasião para fecharmos com chave de ouro um ano bastante movimentado.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Boas vindas à revista Estudos Nietzsche

Está no ar o primeiro número da revista Estudos Nietzsche, uma iniciativa do GT Nietzsche da Anpof. Com vocês a carta de princípios publicada no site pelos editores, os professores Antonio Edmilson Paschoal e Ernani Pinheiro Chaves:

A revista Estudos Nietzsche é uma publicação do Grupo de Trabalho Nietzsche (GT-Nietzsche) da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF) em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Sua proposta é levar a público artigos sobre o pensamento do filósofo alemão, traduções de textos inéditos, bem como apresentações (resenhas) de obras recentes relevantes sobre Nietzsche. Seu objetivo é, por conseguinte, tornar-se um ambiente de debate para pesquisadores especialistas da filosofia nietzscheana e, ao mesmo tempo, uma fonte para estudiosos interessados no pensamento do filósofo alemão. Com periodicidade semestral, a revista Estudos Nietzsche é publicada em português, ampliando o acervo de trabalhos disponíveis neste idioma. Os textos apresentados em outros idiomas serão traduzidos, quando for o caso, ou publicados na língua original, quando se tratar de língua de origem latina ou inglês. Os trabalhos devem seguir o exigido rigor filosófico e metodológico no que diz respeito ao tratamento dos escritos do filósofo alemão, observando aspectos como a inserção em determinados debates já estabelecidos, o atual estágio das pesquisas sobre o tema trabalhado, a periodicidade dos textos do filósofo utilizados, bem como o uso de material fidedigno e já submetido à crítica, no que diz respeito às fontes, fragmentos póstumos, cartas, etc.

Constituída para promover a pesquisa e a discussão sobre aspectos internos do pensamento de Nietzsche, a revista Estudos Nietzsche se propõe, também, a desdobrar a tarefa crítica proposta pelo filósofo em relação, por exemplo, à metafísica e à moral, tendo em vista a inserção de seu pensamento no conjunto da história da filosofia nos séculos XX e XXI. Desta forma, a revista é mais um meio para a concretização da proposta que levou à criação do GT Nietzsche: incentivar a investigação e o debate sobre a contribuição do pensamento de Nietzsche, bem como a sua articulação com questões da atualidade.

fonte: Estudos Nietzsche

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Prêmio ANPOF 2010



O processo de seleção da melhor tese e da melhor dissertação de filosofia do biênio 2008-2009 foi concluído na última sexta-feira pela Comissão de Seleção do Prêmio ANPOF, com reunião presencial no Rio de Janeiro.O resultado final foi o seguinte:


Melhor Tese: "Ceticismo e vida contemplativa em Nietzsche"
Autor: Rogério Antônio Lopes (sob a orientação de José Raimundo Maia Neto, defendida no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFMG).

Mereceram menção honrosa da comissão de pareceristas as teses "Nietzsche: ensaio de uma pedagogia messiânica", de Fabiano de Lemos Brito, orientada por Ricardo Barbosa (UERJ), e "Solipsismo, solidão e finitude: algumas lições de Strawson, Wittgenstein e Cavell", de Jônadas Techio, orientada por Paulo Faria (UFRGS).

Autora: Geovana da Paz Monteiro (sob a orientação de Olival Freire Júnior, defendida no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFBA).

Mereceu menção honrosa da comissão de pareceristas a dissertação "Tópicos em teoria de quase-conjuntos e filosofia da física quântica", de Jonas Rafael Becker Arenhart, orientada por Décio Krause (UFSC).

fonte: Boletim ANPOF

P.S. O Grupo Nietzsche aproveita para tornar pública sua alegria pela conquista do amigo Rogério Lopes, reafirmando se tratar de um justo reconhecimento não só do esforço empenhado, mas sobretudo da qualidade e relevância de seu trabalho. Além disso, fica o sinal de que a pesquisa-Nietzsche brasileira cada dia mais se afirma como sólida, madura e promissora. 


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Estória infame de um encontro improvável

Para quem estiver precisando de um pouco de descontração e descanso, vale um pequeno intervalo nos trabalhos para conferir as tirinhas do carioca Carlos Ruas protagonizadas por nosso caro filósofo (clique na imagem abaixo para ver todas).


Além de Nietzsche, outros interlocutores um tanto quanto inusitados aparecem para uma conversa com Deus, num sábado qualquer.

www.umsabadoqualquer.com

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Nietzsche para todos




O professor Olímpio Pimenta, do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), ministra nesta sexta-feira, 29, a partir das 17h, a palestra Nietzsche para todos, no Espaço TIM UFMG do Conhecimento. O evento integra o ciclo Palestras do Conhecimento.


Segundo o palestrante, a complexidade do pensamento de Friedrich Nietzsche (1844-1900) admite inúmeras abordagens. Seu objetivo é dar noção de conjunto e mostrar o itinerário percorrido pelo filósofo para a elaboração dos temas e conceitos que o levaram a suas principais realizações.
A entrada é franca. O Espaço TIM UFMG do Conhecimento fica na Praça da Liberdade, ao lado do prédio conhecido como “Rainha da Sucata”. Outras informações pelo telefone (31) 3409-8050.


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

II Colóquio Internacional Nietzsche - UNICAMP



Informamos que o CriM (Grupo Nietzsche: Crítica e Modernidade) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) realizará nos dias 16 e 17 de Novembro o II Colóquio Internacional Nietzsche, como uma extensão do evento maior de Curitiba (já destacado no blog). Trata-se da segunda edição de evento e reúne pesquisadores cujos estudos têm por objeto as questões fundamentais da crítica filosófica à modernidade cultural, com núcleo teórico nas filosofias de Friedrich Nietzsche e Arthur Schopenhauer e seus desdobramentos na teoria crítica da sociedade e nas ciências humanas contemporâneas. A programação do Colóquio  que segue será composta por conferências proferidas pelos convidados estrangeiros e membros do CriM, e por sessões de interpretação conjunta de aforismos selecionados das obras de Friedrich Nietzsche.


Coordenação:
Oswaldo Giacóia Jr.
Grupo Nietzsche: Crítica e Modernidade (CriM)

  
Conferencistas:

Antônio Edmilson Paschoal
Chiara Piazzesi
Giuliano Campioni
Jorge Luiz Viesenteiner
Luca Crescenzi
Marco Brusotti
Oswaldo Giacóia Jr.
Paul van Tongeren

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Composições musicais de Nietzsche




Ao observarmos a história do pensamento e seus principais representantes, é bastante comum nos depararmos com filósofos ocupados com tarefas outras, que não as "estritamente filosóficas". Desta maneira, temos pensadores como Pascal e Aristóteles que, além de nos deixarem profundas reflexões sobre a moralidade ou a epistemologia, por exemplo, ainda contribuíram de forma inegável para o avanço das ciências naturais. Por outro lado, casos como o de Nietzsche são bem mais raros, ou seja, indivíduos que, para além de sua produção estritamente filosófica, se dedicaram ainda à criação artística.

Como é bem sabido, Nietzsche foi autor de inúmeros poemas, sendo muitos deles, inclusive, publicados como excertos de seus escritos filosóficos; porém, existe um lado artístico de Nietzsche, cujas investiduras são bem menos conhecidas: suas composições musicais. Para aqueles que ainda não tiveram contato com o Komponist Nietzsche, segue o link para o site institucional da recente biografia lançada por Julian Young  - Friedrich Nietzsche: a philosophical biography, onde é possível fazer o download de 17 composições suas.

baixe as músicas aqui e leia uma entrevista com Julian Young aqui



sábado, 18 de setembro de 2010

VIII Congresso Nacional de Filosofia Contemporânea e II Encontro do Grupo Crítica e Modernidade (CriM)



Entre os dias 9 e 12 de Novembro, a PUC (PR) promove, simultaneamente, o VIII Congresso Nacional de Filosofia Contemporânea e o II Encontro do Grupo Crítica e Modernidade (CriM). O evento, que tem como tema o Indivíduo e a Crítica à Cultura, contará com a presença de destacados pesquisadores, brasileiros e europeus, da filosofia nietzschiana (abaixo segue os nomes dos conferencistas confirmados). Maiores informações sobre inscrições e submissão de trabalhos podem ser encontradas no site do evento.


CONFERENCISTAS CONFIRMADOS:



Chiara Piazzesi – Pisa
Giuliano Campioni – Università di Pisa (Itália)
Luca Creszensi - Università di Pisa (Itália)
Marco BrusottiUniversità di Lecce e TU Berlin (Alemanha)
Paul van Tongeren – Radboud Universität Nijmegen (Holanda)
Ernani Chaves – UFPA
Henry Burnett – UNIFESP
Oswaldo Giacoia Jr. – UNICAMP
Rogério Lopes – UFMG
Jelson Oliveira – PUCPR
Antonio Edmilson Paschoal – PUCPR
Jorge Luiz Viesenteiner – PUCPR 



terça-feira, 14 de setembro de 2010

Nietzsche e a Tradição Transcendental






Do interesse despertado por nossas recentes discussões sobre o livro de Michael GreenNietzsche and the Transcendental Tradition, acabei encontrando um site (segue o link abaixo), mantido pelo próprio Green, sobre o filósofo ucraniano Afrikan Spir (1837-1890) . Lá podemos encontrar informações bibliográfica e biográficas a respeito deste que seria uma das mais influentes fontes do pensamento nietzschiano, principalmente no tocante às questões epistemológicas. Além disso, o site disponibiliza uma cópia digital da versão que Nietzsche possuia do livro de Spir, Denken und Wirklichkeit



Website on Afrikan Spir - http://msgre2.people.wm.edu/Spir.html




quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A Vontade em Nietzsche e Schopenhauer


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Na próxima terça-feira, o Programa de Educação Tutorial em Filosofia da UFMG promove o evento PET CONVIDA, tendo como temática O Problema da Vontade em Nietzsche e Schopenhauer. Os convidados para o debate são os professores Rogério Antônio Lopes (UFMG) e Jair Barboza (UFSC). Seguem abaixo maiores informações sobre o evento:

O PROBLEMA DA VONTADE EM NIETZSCHE E SCHOPENHAUER

Prof. Rogério Antônio Lopes (UFMG)
Prof. Jair Barboza (UFSC)

DIA: 14/09/2010
HORÁRIO: 14:00 horas
LOCAL: Auditório da FACE-UFMG

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Assim Falava Zaratustra: Gênese, Estrutura, Interpretação



O Grupo Nietzsche UFMG convida:

Assim Falava Zaratustra: Gênese, Estrutura, Interpretação

Conferencista: Profa. Scarlett Marton (GEN/USP)

Data: Sexta-feira - 10 de Setembro
Hora: 10h
Local: Auditório Baesse (quarto andar da Fafich)



quarta-feira, 14 de julho de 2010

I Colóquio Nietzsche no Cerrado

O I Colóquio Nietzsche no Cerrado, a ser realizado nos dias 18, 19 e 20 de agosto de 2010, na Universidade Federal de Goiás, reunirá alguns dos mais importantes pesquisadores brasileiros da obra do pensador alemão Friedrich Nietzsche. Além disso, o evento contará com a presença de importantes estudiosas da obra nietzscheana da América Latina. O evento insere-se em um virtuoso ciclo de estudos da obra desse pensador, já há algum tempo desencadeado em nosso país, que abriga entre seus pressupostos fundamentais a compreensão de que a obra nietzscheana não pode ser adequadamente compreendida sem que se a situe na tradição filosófica com que Nietzsche dialogou, nem sem que se a leia no horizonte do rigor filológico e filosófico também cultivado pelo filósofo.


O colóquio é parte, ademais, do esforço da Faculdade de Filosofia da UFG, tanto por meio de sua graduação quanto de seu mestrado, por consolidar-se em sua região, mas não apenas, como centro de produção filosófica de qualidade, aspirando impactos promissores tanto na produção filosófica quanto na formação de pessoal qualificado. O colóquio beneficia-se de uma já estabelecida rede de colaboração entre vários pesquisadores brasileiros da obra de Friedrich Nietzsche, materializada em grupos de trabalho, eventos, publicações etc.

INSCRIÇÕES

Professores e pós-graduandos interessados em apresentar comunicação no I Colóquio Nietzsche no Cerrado devem enviar, até o dia 19 de julho de 2010, uma proposta de trabalho de 400 a 600 palavras para o endereço eletrônico nietzschenocerrado@yahoo.com.br. O resultado da seleção dos trabalhos será divulgado no dia 26 de julho de 2010.

PROMOÇÃO: Mestrado em Filosofia e Faculdade de Filosofia da UFG.  APOIO: Capes
COMISSÃO ORGANIZADORA: Adriana Delbó (UFG), Adriano Correia (UFG)

CONFERENCISTAS E PALESTRANTES CONFIRMADOS

André Itaparica (UFRB)
Anna Hartmann Cavalcanti (UNIRIO)
Henry Burnett (UNIFESP)
Ivo da Silva Junior (UNIFESP)
Jorge Viesenteiner (PUC-PR)
Márcio Benchimol (UNESP)
Márcio Silveira (UFBA)
Miguel Angel Barrenechea (UNIRIO)
Monica Cragnolini (UBA-Buenos Aires)
Oswaldo Giacoia Jr. (Unicamp)
Rogério Lopes (UFMG)
Rosa Maria Dias (UERJ)
Scarlett Marton (USP)
Vânia Dutra de Azeredo (PUC-Campinas)

sábado, 10 de julho de 2010

Éditions d'Ariane

Já está no ar a revista online Éditions d'Ariane, ligada ao Grupo Internacional de Investigações sobre Nietzsche (GIIN ou, originalmente, GIRN), disponível na plataforma Europhilosophie-Éditions no site do programa: http://www.europhilosophie.eu/. O primeiro texto disponível é da italiana membro do grupo Chiara Piazzesi, cujo título é: "Was Alles Liebe genannt wird". Amore, idealizzazione e uso linguistico in Fröhliche Wissenschaft, § 14 come esempio di esercizio pre-genealogico.

Estrutura de edição eletrônica do GIRN, as Éditions d'Ariane se dão por missão promover a pesquisa sobre Nietzsche e colaborar na difusão dos trabalhos de pesquisa atuais consagrados ao filósofo. Conforme às orientações do GIRN, a revista online se propõe igualmente a favorizar o diálogo e a cooperação internacional em matéria de pesquisa em Nietzsche, tanto na Europa como fora da Europa.

Por meio da edição online, ou impressa no quadro de parcerias, as Éditions d'Ariane entendem oferecer aos pesquisadores um espaço que lhes permite apresentar os resultados de seus trabalhos à comunidade científica e torná-los acessíveis de uma forma mais vasta ao público interessado no pensamento nietzscheano. A revista tem por meta, em particular, encorajar o encontro entre as tradições de comentadores, principalmente nacionais, e as diversas metodologias de abordagem da filosofia de Nietzsche, afim de estimular a cooperação nesse meio. Através das publicações, as Édition d'Ariane pretendem igualmente facilitar o acesso dos pesquisadores e do público a textos que se tornaram difíceis de encontrar, em particular documentos, fontes e leituras de Nietzsche, testemunhos de recepção, ou estudos antigos.

As Éditions d'Ariane acolhem e difundem estudos em alemão, inglês, espanhol, francês, italiano e português. A revista conta com um comitê científico que garante a qualidade dos trabalhos publicados. Este comitê examina as propostas de textos submetidos às Éditions segundo o procedimento do parecer duplo anônimo (double blind peer review), e julga então a qualidade científica do texto.

A revista se conforma ao conjunto dos protocolos aplicáveis à comunidade de editores da plataforma EuroPhilosophie.

Endereço eletrônico da revista: http://www.europhilosophie-editions.eu/fr/spip.php?rubrique13

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O corpo como fio condutor

No dia 24 de Junho, o Grupo Nietzsche UFMG teve a honra de encerrar as atividades do semestre com a ilustre presença do Prof. Miguel Angel de Barrenechea, da UNIRIO. Na ocasião, o Prof. Miguel fez uma bela e instigante apresentação cujo 
tema central – O corpo como fio condutor – foi tratado a partir da tese de que o corpo seria um meio privilegiado por Nietzsche na interpretação dos problemas filosóficos. Neste sentido, a perspectiva nietzschiana deveria ser tomada não apenas em oposição ao idealismo, mas também para além do próprio materialismo, devido a uma concepção de corpo onde este seria entendido como configuração de múltiplos quanta de força estabelecida apenas na fugacidade do instante, portanto algo dinâmico, instável e contraditório, por exemplo, com a noção de substancialidade. O Prof. Miguel apresentou, além disso, sua interpretação a respeito das metáforas fisiológicas utilizadas por Nietzsche, como no caso específico da comparação entre a consciência e o estômago – para além da idéia de que o filósofo alemão compreenda o estômago como um órgão de efetiva influência nos processos cognitivos, o Prof. Miguel esclarece que devemos pensar antes em uma comparação funcional ou metodológica, isto é, que ambos seriam órgãos de simplificação e seleção. Por fim, nosso convidado destacou ainda a importância axiológica dessa reconsideração acerca da natureza do corpo como condição de possibilidade para o projeto de transvaloração dos valores, uma vez que os valores mesmos seriam primordialmente expressão do corpo. Ao final do encontro, o Prof Miguel pode ainda oferecer aos presentes uma panorâmica de seu mais recente livro, Nietzsche e o Corpo, lançado pela editora 7 Letras.

Sem dúvida que este sumário resumo nem sequer se aproxima da densidade e sofisticação dos argumentos apresentados, nem tão pouco da calorosa discussão que sucedeu à exposição inicial, sendo, portanto, apenas um registro da enorme satisfação comum aos membros do GruNie diante da oportunidade.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Defesa de Tese de Doutorado

O Grupo Nietzsche UFMG convida:

DEFESA DE TESE DE DOUTORADO


DOUTORANDA: ANA MARTA LOBOSQUE

TÍTULO: “A VONTADE LIVRE EM NIETZSCHE”

DATA: 25/06/2010 - HORÁRIO: 14:00

LOCAL: Auditório Bicalho - FAFICH



BANCA EXAMINADORA:

PROF. DR. OSWALDO GIACOIA JÚNIOR (ORIENTADOR/UNICAMP)

PROF. DR. RODRIGO ANTÔNIO DE PAIVA DUARTE (CO-ORIENTADOR) /UFMG

PROF. DR. FERNANDO EDUARDO DE BARROS REY PUENTE/UFMG

PROF. DR. OLÍMPIO JOSÉ PIMENTA NETO/UFOP

PROF. DR. ROGÉRIO ANTONIO LOPES/UFMG

PROF. DR. MIGUEL ANGEL DE BARRENECHEA/UNIRIO

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Resenha do III Congresso Internacional do GIRN (Parte 2 - Final)

Continuando a resenha:

Paralelamente à mesa da manhã do dia 29, apresentada no final da última postagem, houve a mesa “Arte e crítica da decadência” e o atelier intitulado “Decadência e fisiologia da arte”, cujas apresentações (os títulos e os resumos) podem ser vistas no programa e no caderno de resumos nos links postados no comentário à última postagem.

A seção da parte da tarde na qual estive presente foi intitulada: “Moral e espiritualização”, e constou de um atelier (“Espiritualização – Moral como contra-natureza”), do qual fizeram parte Isabelle Wienand e Clademir Luíz Araldi, e da apresentação de André Muniz Garcia, intitulada: “Moral é apenas linguagem de signos, apenas sintomatologia”: a interpretação semiótica de Nietzsche de fatos morais em “O melhorador da humanidade” Nr. 1”. As cominucações do atelier tiveram por tema respectivamente: “O tema da paz de espírito em “Moral como contra-natureza” e “A vontade de poder como “moralização” dos impulsos”. Isabelle Wienand iniciou com sua apresentação do tema da “paz de espírito” (Frieden der Seele, literalmente “paz da alma”), falando sobre a ambivalência da noção a partir do aforismo 3 de “Moral como contra-natureza” e apresentando toda uma gama de fragmentos póstumos de 1885-1888 sobre o tema (entre eles: 49[59] Sept. 1885; 7[6] Ende 1886-Frühjahr 1887; 10[157] Herbst 1887; 11[316] Nov. 1887-März 1888). Clademir Araldi, por sua vez, tratou do problema da ambivalência do termo “espiritualização” (Vergeistigung) em sua relação com a noção de “moralização” a partir do conceito de vontade de poder. A primeira questão através da qual os dois palestrantes foram confrontados veio de Isabelle Wienand, que questionou a aproximação feita por Clademir entre espiritualização e moralização, já que, segundo ela, esses conceitos se referem a pensamentos absolutamente distintos e mesmo contrários. De fato, se por um lado a noção de moralização implica uma referência essencial e evidente ao âmbito da moral (compreendida por Nietzsche como o âmbito da aniquilação dos afetos e das paixões), o termo espiritualização, de importância central nos aforismos 1 e 3 do capítulo em questão, serve para caracterizar exatamente um contra-movimento frente à moral aniquiladora das paixões. É exatamente na medida em que uma natureza decadente não é capaz de estabelecer um compromisso com seus afetos, de resistir às paixões no sentido de não reagir imediatamente e de forma deflagrante a um estímulo (e aqui retornamos ao tema apresentado por Brusotti em sua conferência), que ela tem necessidade da aniquilação das paixões: “il faut tuer les passions”. A espiritualização seria nesse caso a alternativa sadia para o estabelecimento de um “compromisso” com as paixões. A resposta de Clademir consistiu em chamar atenção para o fato de que o termo “moralização”, assim como a noção de “moral”, não devem ser entendidos sempre de um ponto de vista negativo e pejorativo. Existiria em Nietzsche, além da acepção negativa, uma certa compreensão da moral como forma de manifestação positiva da vontade de poder. E então ele apresenta sua tese de base: tendo isso vista, não seria possível compreender o capítulo em questão de CI, e mesmo a obra como um todo, sem ter em mente o conceito de vontade de poder. O fio condutor para a leitura dessa obra deve ser retirado da noção de vontade de poder. É preciso levar em conta que o período de composição de CI é marcado por uma intensa preocupação de Nietzsche com esse conceito, e que este aparece com uma frequência singular nos fragmentos póstumos, apesar de não ser mencionado diretamente no contexto dos aforismos em questão da obra publicada. A réplica de Isabelle Wienand é curta e precisa: mesmo que a noção de moral não seja sempre tomada em uma acepção puramente negativa, este é exatamente o caso no contexto dos aforismos reunidos sob o título “Moral como contra-natureza”. Ou seja, dentro desse contexto, a aproximação entre “moralização” e “espiritualização” seria falha. Num dado momento da discussão, Werner Stegmeier intervém e aponta de forma lúcida um caminho para pensar a questão. Ele sustenta que de fato os conceitos de moralização e espiritualização não se encontram no mesmo campo semântico em Nietzsche, já que a noção de moralização implicaria uma forma de vida comunitária e gregária, ao passo que o termo espiritualização apontaria para uma certa acepção de soberania e de liberdade frente às oscilações das forças, pulsões e afetos. Ambos os conceitos, porém, podem ser referidos à vontade de poder. André Muniz também se mostrou reticente à tese de que só podemos compreender CI referindo as ideias ali presentes à noção de vontade de poder, e perguntou ainda sobre uma possível relação entre as expressões: “espiritualização das paixões” (af.1), “espiritualização da sensibilidade” como “amor” e “espiritualização da inimizade” (af. 3) por um lado, e o par conceitual “grande amor” / “grande desprezo” por outro lado, noções que, em Nietzsche, aparecem lado a lado em algumas passagens e que sugerem enigmaticamente, em uma delas, uma compreensão do grande amor como grande desprezo. Chamou-se ainda a atenção para o acento colocado por Nietzsche sobre a noção de espiritualização nestas passagens, principalmente a partir da expressão “espiritualização da sensibilidade”, tendo em vista que o que encontramos frequentemente em sua obra é muito mais um apelo para a sensibilização (Versinnlichung). Em que sentido deveríamos, pois, entender que a espiritualização das paixões corresponde a um nível de vida superior?

A sequência da sessão foi dedicada à comunicação de André Muniz Garcia, doutorando da UNICAMP. Infelizmente o tempo não foi suficiente para que ele pudesse ler seu texto integralmente, mas as teses principais de sua comunicação foram apresentadas. Trata-se de uma interpretação do aforismo 1 do capítulo “Os melhoradores da humanidade”, que concede centralidade à noção de “moral como semiótica” para a compreensão de toda a reflexão de Nietzsche acerca dos fenômenos morais. O ponto de partida da interpretação de André Muniz é a questão da auto-evidência da moral, moral enquanto algo simplesmente dado. Nietzsche estaria exigindo do filósofo sobretudo um posicionamento que questione essa auto-evidência e que assuma o lugar da suspeita frente à moral. Antes de tudo, seria preciso compreender o caráter próprio da afirmação nietzscheana segundo a qual não existem fatos morais. Para André Muniz, essa afirmação implica uma crítica ao caráter convencional (e aqui ele se baseia no conceito de convenção de Josef Simons: Phiosophie des Zeichens) da interpretação moral do homem, pelo qual esta interpretação se tornou a mais evidente. Só se pode questionar filosoficamente um determinado fenômeno na medida em que este fenômeno não é visto como auto-evidente, e esta seria exatamente a exigência de Nietzsche ao reclamar suspeita frente à moral, isto é, desintegrar sua auto-evidência: “não existem fatos morais”. O próximo passo da argumentação é a compreensão de que a moral, enquanto crença, exige a comunicabilidade como seu elemento mais essencial. André Muniz se refere a Kant para sustentar essa tese: a pedra de toque da crença é a possibilidade de comunicá-la e torná-la válida para a razão de todo homem (CRP, B849/A821). Essa comunicabilidade, entretanto, não se baseia em nenhuma forma de raciocínio teórico, mas simplesmente no “tomar como verdadeiro” aquilo que deve ser comunidado (retornamos aqui ao problema da auto-evidência), motivo pelo qual Kant afirma que a crença é uma forma de pensamento moral da razão que toma como verdadeiro aquilo que não é acessível ao conhecimento. Nesse sentido, a moral seria um processo de compreensão (interpretação) que toma por verdadeiro aquilo que, segundo Nietzsche, é o mais problemático. Segundo André Muniz, este o ponto chave para a inserção da noção de compreensão plena (vollkommenes Verstehen), como o entende Josef Simon, na interpretação da perspectiva de Nietzsche, já que aquilo que é compreendido nesse sentido exclui a possibilidade de qualquer questionamento. Dentro desse contexto, moral seria semiótica no sentido em que tudo aquilo que faz parte do processo de compreensão é signo transmissível, comunicável. A evidência da moral se fundaria, em última instância, na evidência de signos de comunicação que não são mais questionados. Na seguida André explica a relação entre os conceitos de signo e de sintoma, relação que esclarece a visão de Nietzsche da moral como sintomatologia.

Como fechamento do dia tivemos a apresentação do volume: Letture della Gaia scienza – Lectures du Gai savoir, livro que reune os textos apresentados no último colóquio do GIRN.

Entramos no último dia do encontro com outras duas sessões paralelas: de um lado o tema era a Grécia, do outro as estruturas e intenções do CI enquanto livro. Confesso, entretanto, que estive presente somente em corpo em uma das mesas da primeira parte da manhã (o cansaço já começava a se manifestar), de forma que me pouparei de traçar comentários sobre esta sessão aqui, sob o risco de escrever bobagens. Os títulos e os resumos das comunicações podem ser vistos nos links que deixei no comentário à primeira postagem.

Na segunda parte da manhã fui assistir à palestra do Ernani Chaves, que falou sobre a visão de Nietzsche acerca de Platão no aforismo 2 do capítulo “O que devo aos antigos”. Partindo da declaração nietzscheana de que “Platão é entediante” (Plato ist langweilig), Ernani fez uma análise exaustiva do campo semântico do termo alemão langweilig, recuperando diversas acepções do termo, como a ideia de melancolia (Schwermut), tristeza, monotonia, desapontamento, amargura, desgosto (estas últimas palavras reunidas no campo semântico de Verdruß), assim como uma análise do substantivo Langweile, chamando atenção para sua relação com a ideia de um mal-estar existencial (existezielles Unbehagen), para classificar de forma exata o caráter da crítica nietzschana à figura de Platão no contexto de CI.

Após a comunicação de Ernani Chaves, Yanick Souladié, professor na universidade de Toulouse, apresentou seu trabalho sobre Sócrates e Platão no CI. Segundo ele, há ali uma mudança na recepção de Nietzsche das figuras de Sócrates e de Platão, principalmente com relação à interpretação de Sócrates presente em NT e de Platão presente nos cursos da época da Basiléia. A crítica nietzscheana desses personagens presente no CI deveria ser inserida no projeto de inversão dos valores. Se em NT Sócrates é visto como a personagem principal no contexto da decadência da tragédia e da dissolução do instinto propriamente grego, de forma que podemos estabelecer uma divisão entre Grécia trágica e Grécia socrática, este não é o caso em CI. Nesta última obra, Sócrates não é visto mais como causa, mas como ponto culminante de um processo já em andamento de dissolução do instinto grego, ou seja, ele perde a centralidade na narrativa da decadência da Grécia. A condenação da figura de Sócrates é agora justificada pelo fato de que ele teria impedido uma morte digna, “uma bela morte” da Grécia, a morte no momento certo, retardando seu processo de perecimento e instaurando assim uma morte lenta e decadente. Por sua vez, porém, Sócrates teria se concedido uma morte rápida e digna, uma bela morte, direcionando-se ao suicídio. Haveria aí, nesse sentido, uma certa diferença entre o homem Sócrates e sua doutrina. No caso da figura de Platão, poderíamos dizer, segundo Souladié, que ele é, de uma forma geral na obra de Nietzsche, mais apreciado do que Sócrates, principalmente no que diz respeito ao seu caráter legislador. No que pese as críticas radicais ao platonismo, a figura do homem Platão é frequentemente vista de um ponto de vista positivo. Em CI, porém, não é somente o platonismo enquanto metafísica idealista que é condedano, mas figura mesmo de Platão, enquanto homem e escritor. Ele é visto ali como pré-cristão e oposto, enquanto escritor, a todo o estilo romano. Como já havia mencionado Ernani Chaves na comunicação precedente, a acusação nietzscheana de que Platão é entendiante toca um ponto fundamental que vai além da simples crítica literária. A crítica ao estilo seria aqui extensiva à personalidade mesma do homem Platão. Durante a discussão, Andrea Urs Sommer perguntou pelo motivo da ausência de Platão em AC, já que em CI este é diretamente associado a uma forma de pensamento pré-cristã, como forma prototípica de tudo aquilo que viria a ser o cristianimo. Yanick Souladié considera este ponto efetivamente um problema e sugere que, apesar de todas as críticas de Nietzsche, ele continua vendo os personagens Platão e Sócrates com certo respeito e cuidado. Assim, no caso específico de Platão e de sua ausência em AC, a hipótese de Souladié é que Nietzsche consideraria injusto associar Platão diretamente ao cristianismo, tal como este é apresentado e criticado em AC, já que Platão, além de seu caráter como filósofo político, deve ainda ser visto como fundador de uma forma de pensamento particular. No caso do cristianismo, porém, tal como considerado historicamente em AC, a figura original do fundador desaparece e o que resta não é senão uma religião pregada por discípulos, na qual o caráter da individualidade, da particularidade se perde completamente dando lugar a uma vulgarização absoluta de uma ideia. Após a apresentação coloquei-lhe ainda as questões de qual seria o motivo que teria levado Nietzsche a reinterpretar a figura de Sócrates no contexto da decadência da Grécia antiga, retirando-lhe a centralidade nessa narrativa e vendo-o simplesmente como o ponto de expressão radical de um processo já em andamento, e ainda, já que Sócrates não é mais visto como causa desse processo, qual seria então essa causa. Questionei se a leitura que Nietzsche fez do livro Os céticos gregos, de Victor Brochard, não poderia tê-lo influenciado na sua releitura da decadência grega, já que o autor possui toda uma teoria sobre o processo de dissolução do espírito grego. A resposta de Yanick foi que a ideia da decadência do instinto grego já estava presente na filosofia de Nietzsche muito antes de sua leitura de Brochard, e que ele não está certo se essa leitura poderia ter contribuído de forma decisiva para sua reinterpretação em CI.

A sessão da parte da tarde contou com três apresentações: Céline Denat (“A figura de Platão no CI”), Werner Stegmeier (“Mesmo o mais corajoso entre nós raramente tem a coragem para aquilo que ele realmente sabe”. Limites do conhecimento filosófico segundo Nietzsche e sua arte da sentença”) e Giuliano Campioni (“Histrionismo da decadência e histrionismo dionisíaco: Wagner e Nietzsche”). A começar pela comunicação de Céline Denat, professora na Universidade de Reims, eu diria que seu trabalho constou em apresentar uma diferença na visão de Nietzsche de Sócrates e de Platão, no sentido de entendê-los como tipos completamente distintos, insistindo no caráter positivo da visão nietzscheana de Platão. Ela acentua a perspectiva política da intepretação do personagem Platão e sustenta que Nietzsche vê em sua figura um forte caráter legislador. Digno de nota seria a interpretação da mentira de Platão no contexto da constituição de sua república, a mentira que deve ser contada aos guardiões para que eles se mantenham em seus postos e tornem possível a estruturação do estado. Segundo Nietzsche, haveria aí uma verdadeira hipocrisia, fundada numa motivação política, e que colocaria em questão a vontade de verdade presente no idealismo platônico. Ou seja, para Nietzsche, Platão concederia claramente um privilégio à política frente ao idealismo. Em linhas gerais, a preocupação de Céline Denat em sua comunicação foi de salvaguardar a figura de Platão e lhe conceder um lugar particular no pensamento de Nietzsche, notadamente em CI, apesar das críticas direcionadas ao personagem. Após a comunicação, Yanick Souladié, que acabara de apresentar seu trabalho sobre o mesmo tema, porém a partir de uma interpretação oposta, coloca a questão que havia guiado sua leitura. A seu ver, a particularidade de CI seria justamente de inverter a relação entre Platão e Sócrates (no sentido de que agora Sócrates é visto como superior à Platão), concedendo um novo lugar a este último na narrativa sobre a Grécia e condenando o filósofo e o homem Platão como pré-cristão e, principalmente, como estiliscamente decadente e entendiante (condenação grave, se pensarmos na relação particular de Nietzsche com a questão do estilo). Ou seja, CI não seria de forma nenhuma o lugar de uma consideração positiva de Platão, antes pelo contrário, seria o lugar de sua condenação. A resposta de Céline Denat consistiu em dizer que a crítica de Nietzsche ao estilo de Platão é estratégica no sentido de se opor à interpretação corrente de Platão como um bom escritor e literato, com o intuito de chamar a atenção para o fato de que o que há de mais digno em Platão não é de forma nenhuma o estilo e a escritura, mas o projeto filosófico/político como um todo. Andrea Urs Sommer também colocou a mesma questão que ele já havia colocado à Yanick, a saber, como Céline Denat explicaria a ausência de Platão em AC, tendo em vista que em CI ele é considerado como pré-cristão. Segundo Céline, essa ausência se explicaria pelo fato de que Nietzsche considera o cristianismo na verdade como uma má leitura de Platão, de forma que o que haveria de efetivamente valoroso no pensamento platônico é deixado de lado em prol de uma radicalização do idealismo e do motivo da transcendência. Nesse sentido, seria ilegítimo inserir a figura Platão no contexto de uma análise do cristianismo, tal como esta é desenvolvida em AC.

Na penúltima comunicação do encontro fomos contemplados com uma bela e profunda exposição de Werner Stegmeier, um dos maiores nomes da Nietzsche-Forschung atual, professor em Greifswald. Partindo do aforismo 2 do capítulo “Sentenças e setas” (“Mesmo o mais corajoso entre nós raramente tem a coragem para aquilo que ele realmente sabe”), Stegmeier analizou tanto seu conteúdo quanto sua forma, refletindo sobre a arte da sentença e sobre os limites do conhecimento filosófico. A forma da sentença, segundo ele, comprime intuições e juízos surpeendentes em uma única frase. Ela é a forma mais curta do aforismo e, entre as formas da escritura filosófica de Nietzsche, a mais densa, a mais difícil de analisar e por isso, talvez, a mais interessante do ponto de vista filosófico. Stegmeier faz referência a algumas passagens de Nietzsche, onde ele afirma que “há sentenças nas quais toda uma cultura, toda uma sociedade se cristalizam repentinamente” (ABM 235), ou ainda: “por isso temos o direito de pronunciar, em sentenças, algo duvidoso sem nenhuma hesitação” (N 1876/77, 20 [3]). Ademais, as sentenças podem ser lidas separadamente, sozinhas, solitárias. Enquanto setas, flechas, elas devem atingir e ferir, talvez até mesmo matar. Stegmeier fala do Zaratustra de Nietzsche, de como seu discurso tem a potência de se tornar sentença, e cita algumas passagens nas quais a característa fundamental da sentença é trazida à luz de forma evidente: “A sentença fremente de paixão; a eloqüência tornada música; raios arremessados adiante, a futuros ainda insuspeitos” (EH, Za 6). Aqui, afirma Stegmeier, a estrutura proposicional da frase gramatical é modificada. Não se encontra o verbo, ligando um sujeito a um predicado. Tudo aquilo que é irrelevante é retirado, só aquilo que comprime a força do pensamento tem direito a um lugar na sentença. Ele diz ainda que Nietzsche, inicialmente, entremeou sentenças (Sprüche) em seus livros de aforismos, como em HH, A ou GC, mas somente em ABM ele ousou a plublicação de um conjunto somente de sentenças, “Sprüche und Zwischenspiele“. O segundo conjunto, “Sprüche und Pfeile“, em CI, seria o mais pleno e mais denso. Na sequência, Stegmeier apresenta o que ele interpreta como sendo a preparação para a confrontação com os limites do saber, a partir do aforismo 1 do capítulo em questão. Trata-se da noção de “ócio” do psicólogo. Ele chama atenção para o fato de que o termo “ócio” implica fundamentalmente uma ausência de compromisso com um objetivo determinado para uma tarefa. No ócio a tarefa não se direciona diretamente a uma meta, e exatamente por isso permanece aberta ao novo, ao surpreendente, ao auto-questionamento; ela é, nesse sentido, um prova para a grande saúde. Aqui ele entra no aforismo central de sua análise, a sentença: “mesmo o mais corajoso entre nós raramente tem coragem para aquilo que ele realmente sabe”, dizendo que essa senteça pode ser, para o filósofo, mortal. Ele faz então uma análise da preparação da sentença, recorrendo a cartas de Nietzsche nas quais várias formas iniciais da sentença são apresentadas, antes de se chegar à sentença final. Por último, a sentença é trazida para o interior da reflexão sobre o niilismo. Segundo Stegmeier, ela conduz para além do niilismo. Coragem é a disposição para a ação sob o risco, na incerteza do ponto de chegada e do ponto de partida. O pano de fundo dessa sentença seria essencialmente a reflexão sobre o niilismo, e Stegmeier se refere ao fragmento póstumo 9[123] de 1887: “Sobre a gênese do niilista. / Tem-se somente tarde a coragem para aquilo que se sabe”. O ponto chave da argumentação é o fato de que, em última instância, o saber, o pensamento, não possui objeto, ele corre em direção ao nada. Mesmo o niilismo, enquanto objeto de reflexão, ainda é capaz de tranquilizar, pois instaura algo a ser pensado. Mas o niilismo enquanto tal é a ausência absoluta de objeto do pensamento (absolute Gegenstandslosigkeit des Denkens). Não há, portanto, um saber sobre o niilismo. O saber nada sabe (Das Wissen weiß nichts). O niilismo não é nem mesmo pronunciável. Assim sendo, Nietzsche deixa de lado o termo “niilismo” na sentença em questão. Ele não é senão a ausência de objeto do pensamento. Ele só vem a ser verdadeiramente niilismo quando se sabe que não se pode saber a seu respeito e que não podemos nem mesmo nos tranquilizar com sua nomeação. O niilismo só se deixa compreender em uma sentença que não o pronuncie. Como resposta a uma questão colocada por um dos ouvintes, acerca do lugar do filósofo nessa trama dos limites do saber filosófico, Stegmeier responde que o filósofo é aquele que é capaz de realizar um experimento de pensamento no qual ele pode perecer.

Infelizmente, após essa comunicação, que, confesso, me tocou de uma maneira particular, com o cansaço já batendo insistentemente, e pelo fato de que a última palestra, de Giuliano Campioni (“Histrionismo da decadência e histrionismo dionisíaco: Wagner e Nietzsche”) foi em italiano, não fui capaz de acompanhá-la. Termino por aqui, pois, essa resenha, já que o que ocorreu depois foi somente uma discussão sobre o formato e sobre a temática do próximo encontro, que ocorrerá em Greifswald e tematizará os prefácios de Nietzsche. Não se sabe ainda se os textos apresentados nesse encontro serão publicados em livro, como os do encontro passado, mas tendo em vista a plataforma de publicações online que está sendo organizada, acredito que ao menos ali eles serão publicados.