segunda-feira, 28 de junho de 2010

O corpo como fio condutor

No dia 24 de Junho, o Grupo Nietzsche UFMG teve a honra de encerrar as atividades do semestre com a ilustre presença do Prof. Miguel Angel de Barrenechea, da UNIRIO. Na ocasião, o Prof. Miguel fez uma bela e instigante apresentação cujo 
tema central – O corpo como fio condutor – foi tratado a partir da tese de que o corpo seria um meio privilegiado por Nietzsche na interpretação dos problemas filosóficos. Neste sentido, a perspectiva nietzschiana deveria ser tomada não apenas em oposição ao idealismo, mas também para além do próprio materialismo, devido a uma concepção de corpo onde este seria entendido como configuração de múltiplos quanta de força estabelecida apenas na fugacidade do instante, portanto algo dinâmico, instável e contraditório, por exemplo, com a noção de substancialidade. O Prof. Miguel apresentou, além disso, sua interpretação a respeito das metáforas fisiológicas utilizadas por Nietzsche, como no caso específico da comparação entre a consciência e o estômago – para além da idéia de que o filósofo alemão compreenda o estômago como um órgão de efetiva influência nos processos cognitivos, o Prof. Miguel esclarece que devemos pensar antes em uma comparação funcional ou metodológica, isto é, que ambos seriam órgãos de simplificação e seleção. Por fim, nosso convidado destacou ainda a importância axiológica dessa reconsideração acerca da natureza do corpo como condição de possibilidade para o projeto de transvaloração dos valores, uma vez que os valores mesmos seriam primordialmente expressão do corpo. Ao final do encontro, o Prof Miguel pode ainda oferecer aos presentes uma panorâmica de seu mais recente livro, Nietzsche e o Corpo, lançado pela editora 7 Letras.

Sem dúvida que este sumário resumo nem sequer se aproxima da densidade e sofisticação dos argumentos apresentados, nem tão pouco da calorosa discussão que sucedeu à exposição inicial, sendo, portanto, apenas um registro da enorme satisfação comum aos membros do GruNie diante da oportunidade.

0 comentários:

Postar um comentário